Emergido em um período marcado pelo desenvolvimento da indústria e pela experimentação de novos materiais, o movimento artístico Art Nouveau contrapunha-se ao historicismo, favorecendo a originalidade e a volta ao artesanato. Neste contexto, ele é retratado como uma tentativa de diálogo entre arte e indústria revalorizando a beleza e a colocando ao alcance de todos por meio da produção em série.
Em vigor no período de 1880 a 1920, o Art Nouveau nasceu na Bélgica – fora do circuito das vanguardas artísticas – e teve como máxima inspiração a natureza com as linhas sinuosas e assimétricas das flores e animais. Sua aplicação reverberou principalmente no design de interiores, de produto, tecidos, roupas, joias e acessórios. No que tange a arquitetura propriamente dita, são utilizados os considerados “materiais do mundo moderno” como ferro, vidro e cimento, aliados ao enaltecimento da racionalidade das ciências e engenharia. Traços que denotam o alinhamento com a ideia da industrialização e o fortalecimento da burguesia.
Apesar do Art Nouveau ter se desenvolvimento de diferentes formas nas regiões onde foi inserido, algumas características predominam nas obras do período como a utilização das formas orgânicas; das linhas assimétricas; a preocupação com a estética e com os elementos decorativos; presença de vitrais e mosaicos e estruturas com inspiração no Rococó e Barroco.
Dentro da arquitetura, um dos seus expoentes mais famosos é o catalão Antoni Gaudí que, apesar de relacionar o Art Nouveau com outros movimentos como o neogótico, em seus projetos é possível perceber a prevalência de forma naturais, assimétricas e arredondadas, com clara inspiração na natureza, como é o caso da Casa Batlló. Nela o arquiteto explora espacialidades, padrões e cores fluídas resultando em um volume abruptamente contrastante com o entorno rígido. Essas formas ousadas de Gaudí representam a essência do Art Nouveau, marcado por criações inovadoras e inusitadas, tanto que na tradução literal significa “arte nova”.
Além dele, outros arquitetos se tornaram representantes do movimento como o belga Victor Horta e suas casas construídas para a elite compostas por varandas de ferro cuidadosamente trabalhadas e capitéis que assumem formas semelhantes a plantas, ou o escocês Charles Mackintosh que seguiu uma vertente considerada “mais elegante” do Art Nouveau com o projeto da Escola de Arte de Glasgow de concepção mais abstrata e geométrica.
Apesar da duração do movimento artístico do Art Nouveau ser considerada efêmera, sua importância histórica teve um peso inversamente proporcional, compreendido hoje como um momento fundamental de transição entre o historicismo e o modernismo. Neste sentido, o movimento tornou-se um sinônimo de sofisticação e leveza no âmbito das artes e arquitetura aliando o decorativismo das formas sinuosas como o utilitarismo cotidiano.